Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo e SESC, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. A pesquisa abrange atos de desrespeito, assédio moral, violência física ou psicológica e negligência. O que impressiona é que, ainda nos dias atuais, esse número seja tão alarmante. São inúmeros os tipos de agressões sofridas pelas mulheres. De acordo com a pesquisa, estão o exame de toque de forma dolorosa; negar algum tipo de alívio para sua dor; gritar com a mulher; não informá-la de algum procedimento que está sendo feito em seu corpo; e amarrar a mulher tirando sua autonomia.

A violência obstétrica é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde – OMS como uma questão de saúde pública, pois é uma forma de violência contra a mulher. É importante identificar, também, o tipo de violência obstétrica que está obscuro, e que acontece durante a gestação. A falta de atendimento e informações para a gestante, às falsas indicações de cesárea, como cordão umbilical enrolado no pescoço, que a mulher não tem passagem, que o bebê sofre durante o trabalho de parto, que ela não vai aguentar a dor. Essas circunstâncias fazem a mulher temer o momento do parto.

A pesquisa também indica que 66% das mulheres optam pelo parto normal no início da gravidez; apenas 59% conseguem assegurar o seu direito e ter acesso a informações básicas sobre o local ideal para o parto; e uma parcela significativa das maternidades não apresentam todas as condições necessárias para proporcionar um parto tranquilo e seguro para mãe e bebê.

A OMS recomenda que no máximo 15% dos partos sejam cesarianas, mostrando que uma parte considerável dos países respeita esta porcentagem. Já o Brasil é o país que lidera o ranking em toda a América Latina, com um número espantoso que chega a aproximadamente 56% em sua totalidade.

O alto índice do número de violência obstétrica no Brasil, também contribui para que as futuras mamães acabem optando pela cesariana. Segundo a Coordenadora Médica do Centro Obstétrico do Hospital São Camilo, Laura Helena Silva Araújo, mesmo assim, muitas mulheres já foram vítimas desse tipo de agressão sem saber. São ameaças, gritos, xingamentos, piadas e deboche; lavagem intestinal e restrição alimentar, exame de toque seguidos em curto espaço de tempo, manobra me Kristeller (apertar a barriga da mulher na hora do bebê nascer). Até mesmo a separação do bebê saudável e da mãe no pós-parto pode ser considerada uma forma de violência obstétrica. Assim como não ter um acompanhante durante o trabalho de parto ou não receber alívio da dor quando solicitada.

Dra. Laura orienta que durante o pré-natal, a gestante deve conversar e tirar dúvidas com o médico. “A mulher deve ter a oportunidade de perguntar sobre tipos de parto, as posições, a questão da episiotomia, como é o hospital onde pretende ter o bebê, entre outras questões que intrigam a gestante”, assegura.

De acordo com a Coordenadora Médica do Centro Obstétrico, o Hospital São Camilo Cura d’Ars segue as boas práticas da obstetrícia, estabelecidas pela OMS, e as recomendações do Rede Cegonha, programa do Ministério da Saúde que garante assistência humanizada ao parto e nascimento. Educação continuada e qualificação dos profissionais da assistência também são ações constantes de melhoria.

“Acolhimento obstétrico; respeito ao plano de parto; presença do acompanhante de escolha da gestante durante todo o internamento; livre movimentação durante o trabalho de parto; oferta de métodos não farmacológicos para alívio da dor; escolha da posição na hora de parir; contato pele a pele e aleitamento na primeira hora de vida, já são rotinas estabelecidas no hospital São Camilo, que é referência em humanização. Com isso contribuímos no combate à violência obstétrica”, garante Dra. Laura.

Os danos físicos e psicológicos da violência obstétrica permanecem presentes na vida da família por muitos anos. Evitar que aconteça é uma medida fundamental para que as mulheres tenham experiências positivas com o parto e a maternidade.

Por Informe Comunicação