Acidentes com crianças: quais são, como evitá-los e como agir quando acontecem. Com o Dr. Valderi de Sousa Júnior, da COAPH.

O Dr. Valderi de Sousa Júnior é médico emergencista e pediatra, graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará; pós-graduado em Residência Médica em Pediatria – Hospital Geral de Fortaleza e em Gestão em Sistemas de Saúde pela Unicamp. Atualmente é Vice-Presidente da COAPH, e possui experiências como Diretor Técnico do Hospital Residence ( Especializada em Assistência Domiciliar), como Médico Intervencionista e Regulador de Unidade de Cuidados Médicos; Médico Regulador e Interventor no SAMU
e Auditor Médico Interno nas empresas UNIMED e HAPVIDA. O doutor brinda aqui informações fundamentais para identificar os acidentes e as emergências mais comuns nas crianças brasileiras, explicando também como evitá-las e como agir uma vez que elas acontecem.

Quais os acidentes domésticos mais comuns com crianças?
Os acidentes estão divididos pelas faixas etárias em que se encontram às crianças.
Na fase inicial, esses acidentes estão muito ligados ao cuidador, que, na maioria dos casos, normalmente são os pais e especificamente a mãe. Geralmente os acidentes acontecem durante o banho, durante a amamentação, quando a criança ingere um alimento em grande proporção, ou quando os pais esquecem objetos soltos e de fácil acesso, fazendo com que a criança leve a boca.
No banho a criança pode escorregar na banheira, dependendo da quantidade de água que você ponha, se deixar a criança brincando sozinha ela pode cair de frente e ficar com o rosto para a água. Outra situação que também vemos durante o banho é a temperatura da água, quando quente, pode causar queimaduras no bebê.
À medida que a criança ganha independência de se locomover sozinha, como engatinhar e andar, aumenta também o risco de objetos ao seu alcance. Um tipo acidente comum seria quando elas puxam a toalha e objetos em cima da mesa ou de alguma cômoda acabam caindo.

Quando a criança é pequena corre o risco de ser atropelada pelos pais. Atualmente os veículos têm câmeras traseiras, diminuindo o risco desse acontecido, mas mesmo assim, sempre que for retirar ou guardar o carro na garagem, deve prestar muita atenção, porque as crianças costumam ficar atrás, aumentando o risco de atropelamento dentro de casa.
Outro fato que observamos bastante é com as tomadas. Hoje, as tomadas são mais protegidas por serem profundas, o que dificulta à criança ter acesso com o dedo. Mas quando ela fica maior pode colocar um objeto como clipe, grampo, pedaço de arame, etc.
Quando a criança passa a usar algum veículo como o velocípede ou bicicletas pequenas, isso causa um aumento na energia do impacto. O interessante é que mesmo pequenos já sejam treinados para usar protetores, tais como joelheiras, cotoveleiras e capacetes, para diminuir riscos de lesão.
Com o passar da idade, elas ficam mais espertas. Correm mais, sobem em alturas maiores, saltam; e aí vem toda uma gama de lesões possíveis, como: fraturas nos braços, nas pernas, queixo cortado, dentes quebrados, etc.

Como os responsáveis podem evitar?
Tudo é prevenção. Cada fase da criança tem a sua prevenção, então os pais devem ficar atentos, sempre. Ver a temperatura da água, não deixar a criança sozinha um segundo, prestar atenção à movimentação, fechar as tomadas, tirar objetos e toalhas que possam puxar de mesas, e controlar os objetos que elas possam ingerir. Cada brinquedo deve ter o selo da entidade responsável mostrando que é seguro para a criança de cada faixa etária em particular.
“Ah, mas o meu filho é superdesenvolvido então vou dar um brinquedo para uma faixa etária maior que a dele, porque acho que ele é um gênio”. Não faça isso! Os brinquedos e jogos estão classificados para a faixa etária exatamente para diminuir os riscos de engasgamento e asfixia, por exemplo. Sacos e embalagens de brinquedos, também devem ser evitados, pelo risco que apresentam de sufocação.
Na medida que elas vão crescendo, devem usar sempre os equipamentos de proteção individual (EPIs), como; capacete, cotoveleira, joelheira; e sempre estar junto,

explicando e mostrando para a criança com um linguajar pertinente à faixa etária de cada idade, que podem correr o risco de se machucar.

O que deve ser feito pelos responsáveis no momento seguinte a esses acidentes e como atua o serviço de emergências em casos de crianças?
Sempre deve-se procurar ajuda profissional.
Os traumas devem ser avaliados por alguém com competência para isso. Aqui na Coaph temos o serviço de atendimento móvel de urgência 24 horas e o SAMU 192 também está pronto para tirar dúvidas e orientar.
Caso aconteça algum acidente deve-se ligar para o serviço de atendimento móvel de urgências onde será passada uma orientação por um profissional médico que identificará se a lesão foi pequena (como um arranhão por queda), se a lesão for maior (queda e fratura de braço), ou se for realmente grave (queda com fratura exposta e a criança está desacordada, por exemplo). Dependendo do caso, será mandada uma ambulância de suporte básico ou de suporte avançado com um médico e um enfermeiro para que a criança seja removida até a unidade pertinente ao caso dele/dela.
O serviço de emergência, principalmente os pré-hospitalares móveis, tem um pessoal capacitado para esses tipos de atendimento. Além do profissional, temos equipamentos específicos para crianças. Existe uma bolsa com equipamentos (conhecido como “kit infantil”) para atender os mirins.

Por Imprensa COAPH