Nesse post, o sócio do Centro de Música e Xadrez localizado em Fortaleza, Roberto Lima, fala um pouco sobre a importância da música no desenvolvimento e formação das crianças. Pirulite conosco!

“A música é a linguagem universal, está presente em todas as culturas, raças, épocas e espaços, desde a intimidade dos lares aos grandes ritos sociais, segundo Sachs é impensável a existência de um povo sem música.

Pesquisas científicas nas últimas décadas demonstram que essa linguagem ancestral, a música, possui forte impacto no desenvolvimento cognitivo, motor, sócio-emocional da humanidade, especialmente da criança.

Descobriu-se que além de envolver, as canções, jogos, parlendas, brincadeiras ritmadas são na verdade poderosos estímulos cerebrais. Não seria fascinante conhecer um pouco sobre o que a mais antiga das artes é capaz de fazer pelos nossos filhos?

Música e o Desenvolvimento Cognitivo

Pesquisas demonstram que a interação com os sons inicia ainda na vida uterina. O fluxo do sangue, as batidas ritmadas do coração e a melodia da voz materna formam um universo a parte.

É bastante conhecido que seleções de compositores como Bach e Mozart na gestação podem ajudar a um desenvolvimento tranquilo e harmonioso do feto.

Dos 0 aos 2 anos é a fase de instituir sinais sonoros aos objetos do mundo exterior, cantar para o bebê nessa fase o ajuda na formação da sua linguagem. Dos 3 aos 6 anos a criança já reconhece sons, padrões rítmicos e até gêneros musicais.

A partir dos 6 anos o pensamento musical também facilita a alfabetização e a aquisição do pensamento abstrato, pois a música é repleta de padrões rítmicos e melódicos. Talvez a causa de grandes físicos e filósofos serem também músicos.

Em todas as idades, ver, ouvir e tocar ativamente, potencializam os canais neuronais e as conexões entre os neurônios (sinapses), o que é essencial para “expandir o nosso mundo”. O que torna um indivíduo brilhante não é a quantidade de neurônios, mas justamente, as sinapses entre eles.

A Música e o Desenvolvimento Motor

É essencial que na primeira infância (0 aos 5 anos) a criança explore os sentidos e o corpo, pois segundo Piaget ela se encontra numa fase evolutiva chamada “sensorio-motor”.

Há razões especiais para embalar os bebês com música, assim como movimentos acompanhados de sons são um grande estímulo ao desenvolvimento da coordenação motora global.

A música propicia para as crianças um ambiente criativo para o desenvolvimento dos sentidos e do corpo, ela possui alto valor de comunicação com a dança, artes e literatura.

No que diz respeito a coordenação motora fina, tão importante como sabemos nos anos iniciais, tocar um instrumento musical irá exigir justamente precisão motora e raciocínio prático.

Música é ação. Todo som é gesto e movimento. Tocar um instrumento é mobilizar todo o corpo para exprimir uma ideia artística.

Música e o Desenvolvimento Sócio-Emocional

Desde os psicólogos americanos Howard Gardner e de Daniel Goleman sabemos que a inteligência emocional é a chave do desenvolvimento futuro da humanidade.

A interpretação de uma grande composição de modo sério é justamente compreender e comunicar adequadamente afetos, é trabalhar nossos “músculos emocionais”.

Executar ou mesmo apreciar uma sinfonia do Beethoven, por exemplo, é estar em contato com uma rica profusão de estados de espíritos, é vivenciar a história de uma ideia artística.

O ato musical consciente também alivia tensões e favorece a descarga emocional em nosso sistema nervoso, é comum ouvirmos as pessoas instintivamente dizerem que “quem toca um instrumento não possui stress”.

Pessoas portadoras de autismo, hiperatividade, down e também prematuros podem obter grandes benefícios com uma prática musical orientada, pois trata-se de uma atividade integral.

Por fim, do ponto de vista familiar podemos dizer que a arte dos sons age como um “elã”, propiciando agradáveis e importantes momentos desde a gestação entre pais e filhos. Ela também tem o poder de tornar as pessoas mais saudáveis, sociáveis, alegres e produtivas.

Música é a linguagem da alma, ela comunica o que era incomunicável, sua apreciação exige disponibilidade e espírito, sua prática exige técnica e inspiração, podemos dizer que é a atividade do futuro”.

• Roberto Lima – Centro de Música e Xadrez